HARMONIA E EQUILIBRIO
Mais do que Simples Suportes, Os Vasos São Fundamentais Para Complementar A Estética do Bonsai
A arte milenar do bonsai inspira dedicação. As delicadas e diminutas árvores precisam ter suas necessidades atendidas para que consigam mostrar toda sua beleza e seu vigor. Além de cuidado e carinho, a escolha do vaso é um quesito muito importante na hora do cultivo. Mais do que um mero acessório, ele é imprescindivel no resultado da planta trabalhada.
"No bonsai, o vaso é uma parte da composição visual que deve ser harmoniosa e equilibrada. Uma escolha inadequada pode perturbar a composição visual, roubando o equilibrio e a proporcionalidade que a planta adquiriu à custa de muito tempo, dedicação e esforço", explica o cultivador e apreciador de bonsai Clodoveu A. Davis Junior, de Belo Horizonte, MG.
Em uma comparação simplista, o vaso está para o bonsai, assim como a moldura está para o quadro. A função é destacar a forma e a beleza da pequena árvore, sem chamar a atenção para si.
Na sua escolha, alguns critérios devem ser considerados. Primeiro é preciso observar o estilo, o formato, as proporções e as cores da planta, para só então selecionar a peça mais adequada.
"Um bonsai tem características predeterminadas que buscam a perfeição das formas. Assim sendo, o objetivo é atingir as proporções e a disposição correta dos elementos", considera o bonsaísta da Terra Bonsai Rock Junior, de Nova Lima, MG.
De uma maneira geral e funcional, o vaso deve fornecer espaço suficiente para o crescimento das raízes durante o intervalo entre as podas. Furos de escoamento para a água excessiva também são necessários, assim como pés para que os furos permaneçam desobstruídos e o ar possa circular.
"Antes de escolher, é preciso dar forma à planta. Ele deve harmonizar com o movimento do tronco, com a cor da casca, das folhas e dos frutos e com o estilo do bonsai. É importante que tenha espaço suficiente para acomodar a raiz e a terra durante, aproximadamente, dois ou três anos, e recursos para possibilitar uma boa drenagem. E, claro, nunca chamar mais atenção do que a árvore", ensina a bonsaísta Regina Suzuki, de Atibaia, SP.
MATERIAIS E CORES Existem vasos feitos nos mais diversos materiais, por exemplo, pedra, cimento e até mesmo plástico. No entanto, em geral, a cerâmica é a mais utilizada na confecção das peças e também no cultivo de bonsai. "Elas podem ser de alta ou baixa temperatura. Os primeiros são mais resistentes, enquando os últimos são mais delicados e tendem a trincar com o tempo", conta a bonsaísta de Atibaia. Ainda de acordo com Regina, apenas a parte externa da peça pode ser esmaltada, o interior deve permanecer poroso para não interferir na perda de calor e nem prejudicar a drenagem, sob o risco de apodrecimento das raízes e possível perda da planta. O acabamento externo pode ser tanto liso quanto decorado com motivos cariados em alto-relevo, como desenhos orientais. Quanto mais envelhecida parecer a planta, mais simples deve ser o vaso. Já a cor precisa ser harmônica com as tonalidades da árvore durante suas diferentes fases. As colorações mais utilizadas são os sóbrios tons de terra, com variações em verde, azul, vermelho e branco. Algumas regras práticas facilitam na hora da escolha. Plantas delicadas pedem vasos claros. As frutíferas e floríferas com tons brilhantes, como as azaléias (Rhododendron simsii), por exemplo, podem ser cultivadas em recipientes brancos ou em tons que contrastem com as flores e frutos. A tonalidade terra cai bem para as coníferas, enquanto as caducifólias (espécies que perdem as folhas) exigem peças cuja cor contraste com as variadas tonalidades que a folhagem assume ao longo de seu ciclo de vida. |
AINDA MENORES Parece difícil acreditar, mas existem bonsai ainda menores do que os que se costuma encontrar normalmente. São os chamados Mame que, dependendo do autor usado como referência, apresentam medidas inferiores a 7,5 cm ou a 15 cm. O tamanho diminuto requer vasos reduzidos também, como os que aparecem abaixo. |
ESTILOS
O estilo do bonsai influencia diretamente na escolha do vaso que deve complementar a estética da planta. "De uma maneira geral, os modelos redondos, quadrados e hexagonais são mais usados em composições marcadamente assimétricas. Os de formato irregular são adotados freqüentemente em composições que procuram retratar cenas naturais completas", indica Davis Junior.
Entre muitos estilos de bonsai, alguns são mais utilizados. O Chokkan, com o tronco totalmente ereto, assim como o Shakan, de tronco inclinado, o Hokidachi, do tipo vassoura, e o Moyogi, ereto informal, harmonizam com vasos retangulares e ovalados. Vasos largos e planos são bons para bonsai Yose-Ue, tipo floresta, por exemplo. Os estilos Kengai, cascata, e Han-kengai, semicascata, podem ser condicionados em vasos redondos, quadrados ou hexagonais, contanto que sejam profundos. O bunjingi, um estilo mais livre, precisa de um recipiente que proporcione equilíbrio físico e visual à planta, podendo ser redondo, hexagonal ou octagonal.
FAÇA A ESCOLHA CERTA
De forma geral, o formato do vaso pode ser escolhido diferenciando plantas femininas e masculinas, que, respectivamente, devem ser cultivadas em casos redondos e quadrados. No entanto, o estilo do bonsai também influencia na escolha. Quanto ao tamanho, o comprimento do vaso final deve corresponder aproximadamente a 2/3 da altura ou espessura do tronco, o que for maior. Já a altura da peça deve apresentar a mesma medida do diâmetro do tronco ou ser menor.
MEDIDAS, PROPORÇÕES E FORMATOS As características da planta determinarão o tamanho adequado. "O vaso final deve possuir comprimento correspondente a aproximadamente 2/3 da altura (medida da borda superior ao ápice) ou largura do bonsai, o que for maior. Por exemplo, se a árvore tem 30 cm de altura e sua copa é menor que 30 cm, a altura é a referência", explica Rock. Sobre a altura, o bonsaísta da Terra bonsai enfatiza que é determinada pelo diâmetro do tronco. "O vaso deve ter o mesmo diâmetro do tronco ou ser menor para valorizá-lo. Se uma planta tem 10 cm de tronco, o ideal é um vaso de 10 cm de altura ou menos. Assim, o tronco parece ser mais grosso", diz. Ainda segundo ele, os estilos Kengai e Han-kengai fogem a regra. Eles precisam de modelos mais altos para equilibrar visual e fisicamente o bonsai. Além disso, geralmente são alocados sobre pedestais, enfatizando os galhos que crescem para além do fundo do vaso. "Para estes estilos, vale a regra que a profundidade não deve ser maior que metade da altura total da planta, enquanto a largura deve corresponder a aproximadamente a metade da maior abertura dos galhos", salienta Davis Junior. O tronco também é o ponto de partida para escolher o formato ideal. Entre as diversas possibilidades, como redondos, quadrados, hexagonais, octogonais e orgânicos, que apresentam formato irregular, os retangulares e ovalados são os mais populares. "A decisão entre eles pode levar em conta a distinção entre bonsai masculino e feminino. Enquanto o primeiro se caracteriza por sua força, expressa pela espessura do tronco em relação à altura da árvore e pela predominância de linhas retas, o último apresenta maior delicadeza de formas, seja pela presença de curvas no tronco ou pela existência de flores. Segundo esse raciocínio, bonsai masculinos pedem vasos retangulares, enquanto bonsai femininos requerem vasos ovalados", afirma o apreciador e cultivador. Outra regra usada tem como base a espécie. As árvores caducifolias, como o ácer (Acer spp) e a celtis (Celtis spp), usam vasos ovalados, enquanto árvores de folhagem perene, como as coníferas, requerem modelos retangulares. Um detalhe importante é escolher a frente da peça. Nos redondos, ela pode ser tanto o que permite ver ambos os pés, como a que apenas um pé aparece. Já nos quadrados e retangulares, usa-se o lado que apresenta melhor visualização dos pés. No caso dos quadrados e fundos, a quina pode ser usada. |
FORMA E ESTILO Confira os formatos indicados para os estilos mais usados pelos bonsaístas:
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Fonte da matéria "Guia como cultivar Bonsai número 1" da editora Casa Dois.
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