Como Modelar

O ARAME É UM ALIADO NA HORA DE DAR FORMA AO BONSAI

Depois de escolher o estilo que o bonsai terá, é chegada a hora de educar a planta para que ela alcance o formato preestabelecido. A aramação (ou aramagem) é o procedimento posterior à poda, que ajudará a dar a forma almejada à árvore.

“A aramação é o uso de arame para modelar os galhos no estilo que se deseja para a planta. A ideia é chegar o mais próximo possível do que se encontra na natureza”, afirma o bonsaista da Terra Bonsai Rock Júnior, de Nova Lima, MG.

A utilização dos arames na estilização de um bonsai corrige o crescimento dos ramos, inclinando-os para baixo, além de direcionar o crescimento de galhos na posição mais propicia. “Em árvores novas, os galhos crescem para cima. Já nas mais antigas, crescem para baixo. O bonsai busca essa estética, por isso, se arama para a árvore parecer envelhecida”, explica o bonsaista Roberto Gerpe, do Rio de Janeiro, RJ.

Boa parte das espécies deve receber a aramação no Inverno, porque é a época de menor atividade metabólica da árvore. Com seu desenvolvimento, os galhos engrossam e o arame deve ser removido antes que crave e marque a casca, eliminando assim sua estética visual.

Os profissionais indicam para os trabalhos de aramagem os materiais inoxidáveis e de boa flexibilidade, como o alumínio ou o cobre queimado. Além disso, a espessura do arame precisa ser sempre um pouco mais fina do que o galho trabalhado.

A regra máxima para esse procedimento é evitar, a todo custo, prejuízos a arvore. Sendo assim, todos os passos devem ser seguidos com cautela. “Antes de tudo, é preciso ter planejamento. Preparar a planta para ser aramada, depende muito de cada especie. Nas primaveras (Bougainvillea glabra), por exemplo, os galhos mais novos, ainda verdes, é que devem receber o arame. No caso dos juníperos (Juniperus spp) e pinheiros (Pinus spp), devem ser escolhidos os galhos mais flexíveis”, explica o bonsaista mineiro.

A preparação para a aramagem começa com uma limpeza geral do exemplar, removendo musgo, a casca velha do tronco e as folhas das axilas do galho. Em espécies como a jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), a cereja-anã (Eugenia matosi), o ácer (Acer spp)e o fícus (Ficus spp) é indicada a desfolha total antes de iniciar o procedimento. Após a limpeza, é válido proteger a casca nos locais onde será colocado o arame, com uma tira de borracha ou filme plástico.

O segundo passo é a ancoragem, na qual o arame é travado ao tronco e preso em algum ponto para que não fique com pontas soltas. A partir daí, algumas regras devem ser verificadas.

“Depois de passar o primeiro arame, os outros devem segui-lo, sem jamais se cruzarem. Eles precisam ser independentes para facilitar o manuseio e também ficar melhor esteticamente. Necessitam ficar paralelos e o mais próximo possível um do outro, sempre respeitando o limite máximo de três arames por setor do bonsai”, ensina o profissional da Terra Bonsai.

Ao aramar, respeite o sentido de crescimento da planta, nunca o faça no sentido oposto, sob o risco de perder a aderência da casca do galho, prejudicando seriamente a árvore. À medida que o galho afina, o arame deve diminuir proporcionalmente. Uma dica de Gerpe é passar o arame utilizando ângulos de 42º à 45º para obter melhores resultados. Evite anelar a planta para não estrangular e prejudicar sua circulação. Lembrando que o uso deliberado do procedimento não é saudável à arvore.

A retirada dos arames é uma etapa tão importante quanto a colocação. Se forem removidos antes da hora, os galhos poderão voltar a posição inicial. A remoção tardia pode marcar a casca e trazer prejuízos à planta. O momento ideal para tirá-los é quando já estejam apertando o galho, mais ainda sem marcá-lo.

“É importante que o arame seja retirado de forma correta. Com um alicate próprio, sendo cortado em pedaços. Nunca o desenrole, pois, galhos importantes podem ser quebrados”, diz o bonsaista carioca.

A aramação requer cautela e boa dose de paciência. O procedimento, quando mal realizado, pode trazer desde um resultado estético indesejado até problemas mais graves, como comprometimento dos galhos e má circulação da seiva.

fonte da matéria "Guia como cultivar Bonsai" nº 1 pela editora Casa Dois.

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