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OFERECER CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO FAVORÁVEIS É INDISPENSÁVEL À MANUTENÇÃO DA SAÚDE DOS BONSAI
Assim como qualquer planta, os bonsai também estão sujeitos ao ataque de pragas e doenças. Para garantir que eles permaneçam saudáveis e vigorosos, é preciso oferecer as condições necessárias para seu desenvolvimento pleno. Fornecer luminosidade e ventilação adequadas, além de irrigar e fertilizar corretamente, são medidas fundamentais para manter os possíveis predadores afastados.
“As doenças e pragas surgem quando as plantas não estão saudáveis, apresentando-se fracas e com baixa resistência, seja por excesso de água ou falta de adubo, de sol e de ventilação. A melhor maneira de evitar a proliferação é a prevenção”, ensina a bonsaista Regina Suzuki, de Atibaia, SP.
As pragas têm preferência por lugares pouco iluminados e ventilados, ficando “escondidas” na planta. Diagnosticar a presença delas logo no principio evita a infestação. Assim, uma inspeção rotineira se torna grande aliada no combate. Reconhecer o tipo de invasor também contribui para um controle mais efetivo.
Segundo Regina, as pragas mais frequentes são pulgões, cochonilhas, ácaros e fungos. No entanto, lagartas, lesmas e nematoides também podem pôr em risco a vida do bonsai.
Alguns invasores são fáceis de notar, como é o caso dos pulgões, que apresentam tonalidades variantes entre preta, marrom e verde, sendo visíveis a olho nu. “Os pequenos e numerosos insetos se fixam nas folhas e nos frutos, sugam a seiva e prejudicam a fotossíntese, debilitando a planta”, explica a bonsaista. Ainda de acordo com ela, é possível remove-los manualmente, quando em pequeno número. No entanto, no caso de aparecerem em maior quantidade, deve-se combater a infestação com defensivos naturais ou inseticidas de baixa toxidade.
As cochonilhas também são visualizadas rapidamente. Pequeninas, podem apresentar carapaça dura e arredondada ou um revestimento protetor em forma de concha semelhante ao algodão. Elas se mantêm nas folhas ou no tronco, e assim como os pulgões, sugam a seiva e deformam as folhas, interferindo no desenvolvimento geral da planta. Regina diz que é possível retirá-las com cotonete embebido em álcool.
Já os minúsculos ácaros só podem ser vistos com a ajuda de lente de aumento. Atacam os tecidos internos do caule e das folhas do bonsai. “O sintoma é identificado por meio das folhas de coloração amarela opaca, com partes esbranquiçadas. À medida que a agressão avança, elas secam e caem”, explica a bonsaista. Segundo ela, no inicio, é possível eliminá-los pulverizando água morna e removendo-os com algodão embebido em álcool. Em casos extremos, é indicado o uso de acaricidas, sempre contando com o auxilio de um profissional qualificado.
“Os fungos, geralmente, são trazidos por insetos em função de negligências, como excesso de água e falta de sol ou de adubação. Com isso, surgem manchas cor de ferrugem ou fuligem nas folhas e nos brotos mais novos. Para combate-los, primeiro é necessário corrigir o cultivo, para só depois utilizar defensivos”, afirma o bonsaista da Terra Bonsai Rock Junior, de Nova Lima, MG.
No caso de ataque de lagartas e lesmas, que furam e devoram folhas e brotos, ele recomenda a retirada manual. Lembrando que algumas lagartas são venenosas e podem queimar a pele. Por isso, devem ser extraídas com pinça ou luvas.
Os nematoides atacam pelo solo e prejudicam as raízes através da criação de nódulos, que impedem a circulação de nutrientes e de água. De acordo com Rock, as plantas afetadas pelos vermes se tornam pouco viçosas, murchas e sem vida.
CONTROLE EFICAZ
“Antes de combater a praga ou a doença, é preciso reconhecer suas causas e corrigir o cultivo para, a partir daí, atacar diretamente o problema. Caso contrário, a eliminação não será eficiente. Ao utilizar defensivos, deve-se sempre dar preferencia aos orgânicos”, ressalta o especialista mineiro.
De acordo com Regina, é indicado pulverizar periodicamente com inseticida, fungicida ou acaricida. Vale lembrar a necessidade de ajuda especializada ao lidar com produtos químicos, como um engenheiro agrônomo. “Só evite pulverizar plantas recém-transplantadas. Sempre verifique a dosagem correta e aplique, preferencialmente, de manhã ou no final da tarde”, afirma ela.
Entre os diversos defensivos de baixa toxidade, o sabão de coco diluído em água e bastante eficiente. Basta diluir um pedaço pequeno do sabão (cerca de 1 cm²) em um litro de água e pulverizar a planta. A calda sulfo-cálcica, facilmente encontrada em casas do ramo, também é uma boa opção. Para cada litro de água, dilua 20 ml de calda.
“Ainda temos as opções do óleo de nim e do óleo mineral, que devem ser aplicados seguindo as recomendações do fabricante”, completa Rock.
CUIDADO COM ELES! |
1 PULGÕES: Podem apresentar tonalidades preta, marrom e verde. Preferem as folhas mais tenras, os brotos e os caules. Sugam a seiva, deixando as folhas com aspecto amarelado. Debilitam a planta e facilitam a transmissão de doenças fúngicas e virais. Além disso, expelem uma substância adocicada, que adere na superfície da folha e atrai formigas doceiras. Propagam-se de forma acelerada, precisando de controle imediato. |
2 COCHONILHAS: Diminutas, têm coloração marrom ou amarelada. Algumas possuem corpo mole, coberto por secreção parecida com algodão. Outras apresentam carapaça dura e arredondada. Podem ser encontradas nas axilas ou sob as folhas, nos ramos e nos troncos e, menos comumente, nos frutos e nas raízes. Assim como os pulgões, sugam a seiva da planta e liberam uma substância que viabiliza o ataque de fungos de coloração negra. |
3 LAGARTAS: São encontradas nas plantas novas, consumindo folhas e brotos. Alimentam-se vorazmente, atingindo até 10 cm na fase adulta. As lagartas com pêlos, popularmente conhecidas como taturanas, podem queimar a pele de quem as tocar. A retirada deve ser feita com pinça ou luvas. Vale lembrar que sem elas não há borboletas (agentes polinizadores). Por isso, é preciso cautela na tentativa de eliminá-las. |
4 CARACÓIS E LESMAS: O cropo, de aspecto viscoso, de caracóis e lesmas é composto por 85% de água. Carregam diferentes vírus, bactérias e fungos às plantas, além de furar e devorar folhas, caules, botões florais e raízes. São bastante vorazes, chegando a consumir até 50% de seu peso em uma só noite. Eles se reproduzem em grande quantidade e apresentam longo ciclo de vida. |
5 FORMIGAS: As formigas cortadeiras cortam as folhas que servirão de base para o desenvolvimento do fungo que as alimenta. Encontradas, exclusivamente em regiões tropicais e subtropicais, são grandes e têm coloração avermelhada. Já as doceiras, também chamadas de quenquém, são menores e mais escuras. Como não atacam diretamente a planta, sua presença indica a existência de outros insetos nocivos. |
6 PERCEVEJOS: Seu aparelho bucal, do tipo picador-chupador, que apresenta desde a fase ninfa (jovem), suga a seiva da planta, provocando a queda de flores, folhas e frutos e também prejudicando novas brotações, já que diminui a quantidade de nutrientes disponibilizada para a espécie vegetal por meio da seiva. Quando adultos, passam a usar o mau cheiro para espantar possíveis agressores, por isso, também são conhecidos popularmente como "maria-fedida". |
fonte da matéria "Guia como cultivar Bonsai" nº 1 pela editora Casa Dois.
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